HOJE VAMOS COMESAR COM COISAS SIMPLES UMA HISTORINHA DE TERRO
Por: Pedro Haas
A noite estava tão fria que nossos bafos condensavam em nosso rosto e o breu encobria-nos de uma forma anormal, as luzes de nossas lanternas mal iluminavam o companheiro da frente. Mesmo cheio de casaco eu tinha calafrios por todo o corpo, mas não só por causa do frio, estava apavorado também.
Algumas noites atrás eu e meus amigos havíamos ouvido algumas lendas sobre um cemitério particular de um velho casarão fora da cidade. Eu já havia passado algumas vezes por lá e sempre reparava na cripta da família. Contavam-nos sobre pactos e assombrações e lá estávamos nós, quatro garotos destemidos, curiosos e inconsequentes em busca de um pouco de aventura.
Depois de andar pelo cemitério olhando as lápides, paramos em frente à cripta. Olhei para meus amigos e todos estavam brancos de pavor, era perceptível o arrependimento em seus olhos.
Tomei a iniciativa, peguei a câmera e lentamente fui subindo os degraus. Forcei a porta e ela entreabriu com um forte rangido.
O cheiro de enxofre que saia de lá de dentro era muito forte. Tive que recuar alguns passos porque achava que fosse vomitar. Pensei em tentar convencê-los a mudar de ideia e voltar, mas era ingênuo demais e achava que eles iriam me chamar de medroso. Aos poucos fui abrindo a porta. Tapei o nariz com a camiseta e lentamente entrei na cripta.
Explorei com a lanterna rapidamente e chamei meus amigos. Logo todos estávamos lá dentro. Tirando o cheiro forte a única coisa que chamou atenção foi uma porta. Como da primeira vez fui eu quem tomou a frente para explorá-la.
O cheiro de enxofre ficava mais forte quando me aproximava dela, mas fui mesmo assim. De primeiro momento ela não abria, mesmo usando toda minha força, depois de parar para descansar foi só girar o trinco. Havia uma escada do outro lado. Iluminei e contei os 13 degraus e um vento soprou lá debaixo.
O pânico tomou conta de mim naquele momento, queria correr para longe dali o mais rápido possível, mas pensei na vergonha que seria depois. Respirei fundo e pensei que aquilo tudo era uma idiotice, não tinha nada demais. Só não sabia o quanto estava enganado.
Comecei a descer devagar. Sentia o olhar de expectativa e medo dos meus amigos nas minhas costas. a cada passo que eu dava tudo ficava mais escuro e o cheiro de enxofre mais forte. Quando cheguei no quarto degrau tive que voltar correndo para vomitar.
Me forcei a descer novamente. Terceiro, quarto, quinto… quando cheguei ao sexto degrau ouvi gritos de terror vindos de cima. Meu coração parou por alguns instantes e quase cai de susto, mas pensei que meus amigos apenas queriam pregar uma peça em mim, então nem dei bola quando os gritos continuaram e continuei descendo.
No penúltimo degrau ouvi um grito diferente que me fez parar, não era mais pânico ou terror, mas sim dor. Olhei para trás na hora para ver a porta se fechar violentamente e tudo ficar completamente escuro, mesmo com minha lanterna acesa.
O que ouvi depois foi o som mais agonizante que se pode imaginar, com certeza os homens mais bravos não conseguiriam dormir por um bom tempo. Fiquei paralisado, estava completamente em pânico, me encostei contra a parede e fechei os olhos. Depois de um tempo indefinido abri-os novamente. Eu vi o que vi.
A visão do inferno.